Anderson Malta e a origem de Nunca Fui Santa (Holy Moly)
- Anderson Malta
- 2 de ago. de 2018
- 2 min de leitura

O fascínio com a separação entre a visão que as pessoas tem de si mesmas e o que elas realmente são, entre suas crenças e suas próprias vidas, entre as regras da sociedade e a justiça moral são características do trabalho de Anderson Malta, assim como é seu instinto de ir direto a jugular do teatro.
"Othon vem interpretando a Madre Tereza desde sua adolescência, porém no contexto da Madre Superiora dentro do convento 'Nossa Senhora das Desaparecidas', liderando o grupo de freiras das Santinhas do Pau Oco. Com o passar dos anos e das tantas mil performances do grupo, nós começamos a pensar no subtexto de cada personagem, no mundo individual dessas ‘Santinhas’. Foi com isso na cabeça que eu comecei a conversar com Othon sobre ‘os subtextos’ da Madre, as coisas que o público que vem assistindo lealmente as Santinhas do Pau Oco por quase 20 anos nunca soube. Onde a Madre nasceu? Como foi sua juventude? Ela tinha irmãos? Uma Irmã talvez? Gêmea? E a vida no convento? Quais foram seus desafios? O que a fez assim tão estrita e ao mesmo tempo atrapalhada? Qual é o grande segredo da Madre?

Ter tido a oportunidade de olhar para a Madre Terezinha dessa maneira foi um privilégio delicioso, na época nós não tínhamos nenhuma intenção de revelar os segredos da Madre no Brasil, ela não iria aprovar esse comportamento e não nos perdoaria nem com penitências, portanto o texto original foi escrito em inglês:
Holy Moly - um script que verbalizava todo o cinza e a austeridade britânica, desenhado para um ator inglês treinado em pantomima, harlequinagem e um bom entendedor do sarcasmo britânico, mas durante umas das visitas do Othon Valgas a Londres, que na época passava por aqui para dar continuidade ao seu projeto: O teatro dos Outros, nós decidimos traduzir o texto para o português, adicionando o famoso deboche das Santinhas, porém mantendo a cor, o cheiro e o humor britânico. Othon introduziu a commedia dell'arte que vem consigo desde as primeiras montagens de Santinhas, o sonho de teatro mineiro e a délicatesse do seu humor Vaudevile para a nossa versão brasileira.
Quando escrevo uma peça não quero que seja um slogan, a peça está lá para ventilar problemas, não para causar um curto-circuito e assim é Holy Moly. O público sai do teatro pensando em vários tópicos, valores e sentimentos, só que depois de uma noite de muitas gargalhadas."
Comments